Afrânio
Boppré
Professor, economista e
vereador eleito - PSOL
O Estatuto da Cidade é uma Lei
Federal que determina aos municípios com mais de 20 mil habitantes a
obrigatoriedade de definir um Plano
Diretor e que, ao menos a cada dez anos, esse mesmo Plano seja refeito.
Florianópolis está flagrantemente
fora da Lei pois, estamos há mais de cinco anos sem renová-lo.
A mesma lei embora preveja
penalidades é solenemente descumprida e empurra o município para uma crise urbana
que se avizinha.
O Prefeito recém eleito, Cesar
Junior, no afã de obter votos para seu sucesso eleitoral prometeu durante a
campanha equacionar o impasse ainda em 2013. Passada a eleição, Cesar Junior
agora encontra-se em apuros. Como conciliar a promessa eleitoral com todo o
processo já acumulado, mas não terminado pelo prefeito Dário Berger, nesse
curtíssimo prazo? Como respeitar o processo participativo e a nova composição
da câmara de vereadores?
A Câmara de Vereadores não tem
obrigação de honrar um compromisso que não é seu e nem pode tratar um tema de
tamanha magnitude como se fosse um cartório que simplesmente carimba e chancela
a vontade do prefeito.
O PSOL na eleição 2012 colaborou
no debate sobre o futuro de Florianópolis e nosso candidato a prefeito, o
professor Élson, foi exemplar. Partimos do pressuposto que nosso futuro está
ameaçado e que temos a necessidade de debater profundamente o modelo de cidade
que queremos.
Se não sabemos a cidade que
queremos como podemos definir um plano para dirigi-la? Quando falo na primeira
pessoa do plural (nós), quero me referir a sociedade amplamente consultada,
mobilizada e protagonista de um projeto em que ela se considera sujeito da
história.
Um plano diretor deve estar
distante dos interesses interesseiros de grupos econômicos ávidos em
mercantilizar todos os espaços de nossa cidade. A defesa ambiental e do
patrimônio cultural de nossa cidade é a centralidade do debate. Se sabemos o
que queremos fica mais fácil saber como nos dirigir para chegar até lá, caso
contrário, prevalece o provérbio de Sêneca: para barco sem rumo qualquer vento
que soprar torna-se favorável.
Nosso compromisso é assegurar o
tempo necessário para garantir a qualidade indispensável de um plano diretor
duradouro. De nada adianta apressar decisões e depois viver remendando o Plano
Diretor. Por outro lado, a demora “eterniza” o que já está remendado. Nosso
compromisso é trabalhar para compor e equilibrar: democracia, agilidade e
qualidade. Afinal: o apressado come cru e quente.
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