04 maio 2011

Colombo é a ponta do Iceberg



Valmir Martins

A imprensa informou no início desta semana que o governador do Estado, Raimundo Colombo e, com ele, provavelmente toda a bancada estadual e federal do DEM, vão migrar para o recém fundado PSD, chamado de “o partido do Kassab”. O que está acontecendo?

Sabemos que o DEM foi criado após uma mudança de nome do antigo PFL. O PFL, por sua vez,  originou-se na ARENA, aquele partido de sustentação política da ditadura militar. A ARENA e depois, o PFL, sempre foram parte do governo e desfrutaram amplamente do fato.

O PFL foi criado com a degeneração da ditadura militar. Naquele momento, era preciso assumir nova roupagem com a defesa dos projetos neoliberais. A crise do neoliberalismo, combinada com a derrota do governo Fernando Henrique Cardoso, e a incapacidade do PFL de fazer oposição ao governo Lula, trouxe novamente a necessidade de mudar a roupagem para DEM, buscando afirmar-se no cenário político nacional.

O DEM fracassou. Por que? Porque não consegue fazer oposição ao governo. O fato é que, primeiro o governo Lula, e agora, o governo Dilma, já assumiram o projeto político tucano-pefelista, esvaziando a oposição de direita e deixando-a sem discurso.

Assim, colocou-se a necessidade de construir uma nova sigla que possibilitaria a aproximação com o governo Dilma e seus aliados. Daí o PSD. A novidade contraria todas as previsões de que o PSDB, oposição ao governo Dilma, aproximaria-se rapidamente do PT, porque os dois no governo desenvolveram a mesma política. O DEM foi mais rápido. As vozes do agronegócio e do capital financeiro falaram mais alto. O anúncio da ida de Colombo para o PSD é apenas a ponta do Iceberg.

Valmir Martins é professor aposentado do departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e dirigente estadual do PSOL.

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