09 janeiro 2009

O ESPECTRO É A CRISE

Afrânio Boppré
Economista, professor e membro da
Executiva Nacional do PSOL

Há entre os principais estudiosos marxistas da atualidade alguns acordos sobre o significado da crise atual. Dentre eles, de que se trata de uma crise do regime do capital. O capital ao produzir sem levar em conta as necessidades do mercado e assumindo como objetivo primeiro o lucro, promove a possibilidade de superproduzir mercadorias. A produção desmesurada de mercadorias acontece de fato, mas é a forma como se manifesta a crise do capital. Em essência a mercadoria que está “grávida” de mais valia gerada na produção tem que obrigatoriamente se realizar na circulação e não consegue. O capital enquanto valor-de-troca está superproduzido e aparece na forma mercadoria. Neste caso, a autovalorização do valor foi interrompida. A alteração na relação entre capital constante e capital variável produz um efeito contraditório na medida que elimina trabalho vivo do processo de criação da mais valia chegando ao seu limite. Prevalece a queda da taxa de lucro confirmando seu caráter tendencial. Enfim, o capital em si está em crise.

Nos últimos trinta anos o capital operou um ainda maior virulento processo de flexibilização das relações trabalhistas; terceirizou; precarizou; privatizou; guerreou; imperializou e neocolonizou e tudo isso para servir de tônico da acumulação. As formas de expansão e renovação do modo de produção capitalista estão pela própria crise apontando o processo de esgotamento do estágio do desenvolvimento capitalista mundial nos dias de hoje.

Mais uma vez estamos diante de um impasse histórico da humanidade. A crise passou a ser o espectro... Ou se interrompe o curso do modo de produção capitalista em momento especial de seu fraquejamento sistêmico ou ele se recompõe de maneira violenta e ampliando suas ameaças para o futuro da própria humanidade.

Estamos diante do começo de um novo ciclo da luta de classes. Um momento histórico de relevância. Não haverá saída sem ousadia e ofensividade. Negar o conflito implica renunciar a mudança. Conflitar numa correlação de forças adversa nos levará ao voluntarismo e a uma derrota previsível. Os socialistas estão desafiados a unir forças para alterar a correlação desfavorável e isso só ocorrerá na arena da luta política real. Lutar para acumular forças. Acumular forças para lutar e levar a cabo o objetivo maior: a vitória do socialismo. Temos consciência das dificuldades para transformar a crise sistêmica do capital em sua crise final. No entanto, cabe ao movimento socialista internacional acumular por dentro e por fora da crise e sair dela melhor posicionado. Sejamos realistas, sonhemos o impossível! (Che Guevara).

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